Desde a pandemia de Covid-19 temos observado o uso cada vez mais precoce, excessivo e indiscriminado das telas na primeira infância.
O Sesc Catanduva promoveu na noite de ontem um encontro online com a Profa. Dra. Maria Beatriz Martins Linhares e a psicóloga Patrícia L. Paione Grinfeld, sócia-fundadora da Ninguém Cresce Sozinho, para abordar o impacto desse uso no desenvolvimento infantil.
A fala da Patrícia focou na importância das experiências compartilhadas na primeiríssima infância, conforme o trecho abaixo destacado.
(…) o principal estímulo para o bebê se desenvolver são as trocas que ele estabelece com o meio, inicialmente centradas nas trocas afetivas com seus cuidadores primordiais. Nessas trocas o bebê é colocado como sujeito, como protagonista da cena, o que o autoriza a também se colocar neste lugar. Em frente da tela ele se assujeita diante das imagens e sons que ela produz: seu corpo fica imóvel, seu olhar fixo, seus ouvidos ouvindo vozes (em geral metalizadas e repetitivas) que não o convocam e não respondem aos seus apelos. O bombardeiro visual e sonoro não é significado, transformando o bebê num mero depositário de informações e sensações. Sem a significação da experiência não há apropriação de sentido e, consequentemente, a construção de pensamento fica comprometida. Além de dificultar o processo de aprendizagem, quando a criança fica impossibilitada de fazer um uso próprio, autoral, das informações recebidas e sensações vividas, ela acaba por repeti-las, algumas vezes na forma de ecolalias e estereotipias.
O encontro pode ser assistido na íntegra no canal do YouTube do Sesc Catanduva ou lido aqui.