No dia 12 de agosto a Ninguém Cresce Sozinho realizou mais uma roda de conversas com pais. Partindo do tema do encontro – Papai é presente! – as mediadoras do encontro, as psicólogas Patrícia L. Paione Grinfeld e Tatiana Machado, prepararam o texto abaixo:
Papai é presente! Esse é o tema escolhido para o encontro de hoje. E quantas possibilidades de reflexão e conversa esse tema inspira. Ser pai é um presente? Papai é um presente? Papai faz parte do presente, do momento atual da vida de seus filhos? Papai está presente, podendo responder “presente!” quando chamado, solicitado? Papai é presente?
Nos dias de hoje, quando falamos sobre paternidade é comum nos referirmos à ideia de presença. Se falamos em pai presente – afetuoso, participativo e corresponsável pelos cuidados com os filhos – o fazemos em alusão ao pai ausente, tão conhecido em nossa cultura, desde aquele que não reconhece a paternidade até aquele que entende que sua função é apenas prover. Mas é importante lembrar que não existe presença sem ausência, nem ausência sem presença. É na alternância presença-ausência que se constrói a segurança emocional. É na alternância presença-ausência que cada pessoa se faz única. É na alternância presença-ausência que inventamos, que podemos estar, presentes, no mundo. Isso porque não é possível estar presente o tempo todo, afinal, além dos cuidados com os filhos e a família, é preciso trabalhar, cuidar da casa, dormir, se exercitar, se divertir e tantas outras coisas. Tanto os pais, quanto as mães precisam desse tempo para além dos filhos! Estar 100% do tempo presente, não só é impossível, como também não é desejável. Assim como para mães e pais é importante ter uma vida para além dos filhos, também para os pequenos é importante ir construindo esse espaço de invenção de seu próprio modo de ser e viver.
No começo da vida o intervalo presença-ausência é pequeno porque o bebê precisa muito de presença, de alguém que se dedique a ele de “corpo e alma”. Aos poucos, conforme cresce, a criança suporta a ausência das figuras de referência por mais tempo porque ela as internaliza. Ela pode ir para a creche, a escola, a casa dos amigos. Pode estar em outro cômodo da casa, fechar a porta. Pode ir e vir, desfrutando da presença e da ausência dos pais. E os pais, da presença e da ausência dos filhos.
O encontro, que contou com o depoimento de 4 pais com filhos em diferentes fases da vida – ainda na barriga, na primeira infância, na adolescência e já adultos – foi uma conversa muito gostosa, cheia de trocas e inspiradora para cada pai (e também mãe) seguir exercendo a parentalidade a partir dos encontros e desencontros com os filhos.
Imagem: recorte da comunicação interna do evento.