A Editora Blucher acaba de lançar o livro Quem é o bebê hoje: a construção do humano na contemporaneidade. O livro, organizado por Isabel Kahn Marin, Maria Teresa Venceslau de Carvalho e Regina Orth de Aragão, reúne alguns dos trabalhos apresentados no IV Encontro Internacional e XI Encontro Nacional sobre o Bebê realizado em 2018 pela Associação Brasileira de Estudos sobre o Bebê (ABEBÊ), além de duas lindas homenagens – uma da psicomotricista Claudia Ravera e outra do psicanalista Celso Gutfreind – ao psicanalista uruguaio Víctor Guerra, falecido no ano anterior. Víctor Guerra deixou contribuições valiosíssimas de sua clínica e pesquisa sobre o processo de constituição psíquica dos bebês.

O livro está dividido em 3 partes:

1. O atravessamento da tecnologia na vida dos bebês

2. Cuidados básicos, educação e cultura: das redes necessárias para a constituição do sujeito

3. Atualizações da clínica da primeira infância: riscos, intervenções e patologização

A última parte é finalizada com o artigo “A construção da função materna nas situações em que o recém-nascido é diagnosticado com uma patologia crônica”, escrito por Patrícia L. Paione Grinfeld, psicóloga e sócia-fundadora da Ninguém Cresce Sozinho. Seu artigo apresenta uma reflexão sobre o processo de estabelecimento da função materna nas situações em que o recém-nascido é diagnosticado com uma patologia crônica. Em tais circunstâncias, o trabalho materno de reconhecimento e estranhamento indispensáveis para que o bebê imaginário dê lugar ao bebê real fica onerado, já que, no imaginário da mãe, seu bebê se torna sinônimo da representação que ela tem da patologia. Com isso, a preocupação materna primária acaba se transformando em preocupação médica primária, podendo comprometer tanto o desenvolvimento psíquico do bebê quanto a instauração da função materna. A preocupação médica primária pode ser observada através do aprisionamento materno a longos e detalhados relatos sobre o estado de saúde dos bebês e as intercorrências e intervenções médicas, os quais encobrem o ódio ao bebê e o desejo de morte do filho, vividos silenciosa e culposamente por estas mães. Na medida em que podemos escutar estas vivências, abrimos caminho para que o bebê seja investido de outras representações, favorecendo àquela que pariu descobrir seu bebê e fazer-se mãe.

                     

Nota acrescentada em 13/08/2022: a Editora Blucher fez lançamento online do livro com um bate-papo com as organizadoras e com os autores Christine Davoudian, Claudia Ravera, Celso Gutfriend e Paulo Fochi.

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